Algumas pessoas me perguntaram o porquê do nome do blog e se o que eu escrevo são acontecimentos reais. Então venho aqui hoje explicar algumas coisas:
Quem me conhece sabe que sou busólogo de carteirinha, não daqueles que entendem a fundo no assunto, mas dos que são apaixonados por essa máquina criada pelo homem.
Sinto saudade do ronco dos Volvos B-58 que passavam na rua da minha casa, mas como quem não tem cão caça com gato, me conformo com os que rodam hoje por aqui. E minhas ideias e devaneios costumam ocorrer exatamente dentro desses veículos... alguns são coisas antigas que estavam arquivadas e nunca tive ânimo e/ou oportunidade de publicar. Outras, escrevo e já posto.
Os fatos que descrevo são todos reais, com uma pitadinha de ficção, ocorridos comigo ou narrados por pessoas próximas.
Os nomes são homenagens a pessoas que foram importantes na minha vida e que jamais tive contato.
Ou seja, se tiver acontecido algo interessante com você, terei o maior prazer em transformá-lo numa crônica ou conto.
"Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Costela! ser gauche na vida".
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sexta-feira, 25 de junho de 2010
sábado, 5 de junho de 2010
Como nossos cães
“Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo que fizemos. Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais…” sábias palavras de Belchior, eternizadas na voz de Elis Regina. É curioso como às vezes dizemos frases sem prestar atenção no sentido delas, é o caso de ‘vai com Deus’, ‘Deus me livre’, ‘que sorte!’…
Mas não é dessas expressões que quero falar. Andando, ontem, de ônibus, vi uma cena que me chamou a atenção: havia um grupo de seis cachorros no canteiro central da avenida. Cinco dormiam tranquilamente enquanto o último fazia a ronda do local. Ficava andando de um lado pro outro e quando alguém se aproximava, começava a latir freneticamente. Minha maior surpresa foi na volta, quando eles haviam trocado de turno. O vigilante da manhã estava tirando uma soneca enquanto um dos dorminhocos ficava alerta.
Às vezes dizemos que uma pessoa fez uma cachorrada com a outra. Quando fazemos algo que não gostamos, soltamos um sonoro ‘ê vida de cão’, uma pessoa nervosa é um ‘cão chupando manga’. Será que é tão ruim assim ter uma vida de cão? Usei um trecho da canção ‘Como nossos pais’ para ilustrar esse texto, não para dizer que fomos mal criados, mas sim que somos malcriados.
Hoje entendo porque quase todas as crianças querem ter um cãozinho. Aqueles animais me mostraram muito mais que companheirismo. Abandonados por uma madame que cansou de seu brinquedinho, por um idoso que já não aguentava mais cuidar de seu cão, pelos pais de uma criança que foi mordida… o passado de cada um não importa para os outros, o que interessa é garantir a sobrevivência coletiva. Sozinhos eles são frágeis, mas juntos eles conseguem mais, estão mais seguros. E mesmo sem se conhecerem, sentem-se responsáveis pelos outros. Nós devemos parar com essa mania de reclamar de tudo que nos acontece, começar a ter atenção com aqueles que realmente se importam conosco, aquelas pessoas que dividem não somente o mesmo teto, mas o mesmo sangue. A depressão e o estresse nada mais são do que doenças que o homem inventou para se esconder da sociedade.
Pratique gentileza, doe um sorriso, seja grato com as pessoas. Comece dentro de casa, em pouco tempo você estará cedendo o lugar para uma mulher com uma criança no ônibus, ajudando um cadeirante a atravessar a rua, ouvindo as intermináveis histórias de um idoso… Deixe de ser desumano e comece a ter uma vida de cão. Saia por aí fazendo cachorradas!!!
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