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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Que foi, sô?



É final de julho, hoje é quarta-feira e amanhã entro de férias do trabalho. Com a cabeça cheia de coisas, decidi ir ao shopping, fiz um lanche e fui olhar os filmes que estavam em cartaz. Como não havia nada que me interessasse, resolvi dar uma volta no local para dar uma flertada. Havia tempo que não fazia isso. O lugar estava cheio demais e resolvi ir embora.

Chegando ao ponto de ônibus, vi alguém que me chamou atenção, e resolvi aproximar-me, mas como sempre fui muito tímido, não tive coragem de puxar conversa. Ela, uma morena que sempre habitou meus sonhos, com aquele cabelo cacheado de fazer inveja em qualquer modelo e um olhar de Capitu que sempre me fascinou, percebeu que eu a observava e começou a olhar para mim de uma forma meio torta e pensei que ela não estivesse gostando da situação.

Parei de encará-la e ela se aproximou:

— Você viu se o 55 já passou?

Fui curto e grosso:

— Não!

Depois de um longo espaço de silêncio, ela insiste:

— Você está esperando qual ônibus?

— O 8350.

— E o que veio fazer tão longe?

— Vim assistir um filme, mas perdi a sessão.

— Olha só! Eu também…

O assunto foi rendendo e fomos descobrindo algumas semelhanças, o papo foi ficando interessante e percebi que estava acontecendo uma sintonia.

— Desculpe, mas nem perguntei o seu nome.

— Aline – disse ela – e o seu?

— Frederico, mas não gosto desse nome, pode me chamar de Fred.

Trocamos telefones e marcamos um cinema para o dia seguinte. Meu ônibus veio e quando fui me despedir dela, ela me disse que iria comigo, pois queria conhecer meu bairro. Achei estranho, porém gostei da ideia.

Durante o trajeto tentei me aproximar dela várias vezes, mas ela não correspondia sequer com um olhar ou um sorriso diferente.

Então planejei uma mensagem de texto para enviá-la assim que nos despedíssemos: Desculpe se entendi errado, mas parece que ganhei uma amiga. Queria que essa amizade tivesse uma intensidade diferente, mas se não rolou, já to no lucro sendo seu amigo.

Fizemos um lanche e começamos a andar ao léu, até que chegamos a um lugar mais tranqüilo. Fez-se cinco segundos de silêncio que pareciam uma eternidade, até que ela disse “e então?”, me fingi de desentendido e ela me deu um abraço. Aproveitei aquela que talvez seria minha única oportunidade. Dei-lhe um beijo de final de novela. Iniciava-se ali uma relação de cumplicidade e confiança, naquele momento percebi que não precisaria mais enviar aquela mensagem que havia planejado.

Começamos a nos encontrar praticamente todos os dias. Com ela fiz coisas que jamais havia feito. Conheço as vontades dela, e ela, meus pensamentos. Nosso relacionamento é como uma releitura de Eduardo e Mônica, música que sempre gostei.

Outro dia estávamos atravessando a ferrovia e havia um vagão de carga aberto. Ela me deu a ideia de entrarmos. Ouvimos um barulho e quando fomos olhar, a locomotiva estava partindo. Como já estávamos ali, resolvemos aproveitar o momento e quando vimos que já nos encontrávamos longe de casa, esperamos a velocidade reduzir e saltamos do trem. Depois fomos pensar na loucura que fizemos. Essa foi a primeira de muitas viagens que fizemos juntos, porém nenhuma tão atípica como esta.

Já estamos juntos há cinco meses, e quando a gente se completa parece que o tempo não segue a velocidade lógica. Espero que esses cinco meses se multipliquem e que possamos viver ainda muitos momentos extraordinários juntos, para que eles virem novos relatos.

Obrigado, Aline, por contribuir para meu crescimento e por me dar carinho e confiança!

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Glória nas alturas e, por favor, paz aos homens de boa vontade




É inacreditável como alguns programas de televisão abusam da boa vontade e do sofrimento alheio para conseguir audiência. Nesta terça-feira, 16/08/11, tive o "privilégio" de assistir aos pais da jovem Alessandra Aguilar, 17, morta por um carrinho que se soltou do brinquedo e a atingiu na fila da bilheteria no Parque Glória Center no Rio de Janeiro, no último dia 14. Eles foram entrevistados pela JORNALISTA Ana Maria Braga no programa Mais Você, da Rede Globo.
Fiquei paralisado em frenta à TV vendo uma mãe que acabara de enterrar sua filha sendo questionada a respeito do que ela sentia naquele momento. Nem o maior sábio do mundo saberia descrever a cena gerada naquele momento. Uma mãe sem palavras, chorando incontrolavelmente.
Hoje é incontável a quantidade de mídias que exploram essa fragilidade do ser humano no momento de perda, momento esse que deveria ser o mais respeitado possível, principalmente em tragédias, quando as famílias não aceitam ou não acreditam no ocorrido.
Enquanto o povo brasileiro continuar nessa sede de sangue e permanecer dando crédito a meios de comunicação que não prezam pelo respeito ao próximo, continuaremos vendo essas cenas se repetindo, e só Deus sabe onde iremos chegar.